quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Por uma nova geração de políticas públicas

Nas sociedades contemporâneas, a juventude é a fase do ciclo da vida em que os seres humanos vivenciam, de maneira mais intensa, a construção de sua identidade pessoal e coletiva e iniciam a busca por autonomia e independência. Esta transição do mundo privado das relações familiares para a ocupação do espaço público, em geral, é marcada por uma atitude de experimentação e ao mesmo tempo de afirmação da individualidade, que se manifesta na insubmissão diante dos pais ou adultos.
A busca por autonomia pode ser vista como uma espécie luta individual pela soberania do próprio corpo, que durante a fase da infância é controlado pelos adultos. Com a justificativa da proteção e do cuidado, os pais ou familiares exercem uma forte dominação sob os corpos dos jovens que alcança desde a definição de horários de entrada e saída na casa, passando por restrições à participação em festas ou atividades de convivência, controle e repressão da atividade sexual, intromissão na escolha de parceiros afetivos, chegando até a interferência na escolha profissional ou pressão para o ingresso
precoce no mercado de trabalho, ainda que seja em ocupações precárias.
Evidentemente, as situações de dominação não são homogêneas e nem acontecem em todas as famílias.
Nas classes com maior renda, os jovens optam por estudar em universidades localizadas em cidades fora do domicílio da família. Em outros casos, esses jovens têm a oportunidade de passar temporadas de intercambio em países estrangeiros.
Para os jovens das camadas populares os caminhos para autonomia passam pelo casamento precoce ou gravidez, pela ruptura antecipada com o núcleo familiar quando acabam sendo expulsos de casa devido às escolhas comportamentais, ou pela entrada no mercado de trabalho quando acompanhada de mudança na cidade de origem. Outra forma de conquista de autonomia dá-se quando os jovens de cidades do interior migram para cidades pólo ou capitais em busca de vagas em universidades públicas ou de escolarização (profissional ou média) ou de empregos com maior remuneração.
Por isso, temos defendido a urgência de se formular uma nova geração de políticas de juventude que ofereçam programas viáveis e em grande escala, com objetivo de favorecer a conquista de autonomia pelos jovens.
A professora Marília Sposito afirma que as atuais políticas de juventude estão assentadas em estratégias de ocupação do tempo livre dos jovens, quando este não é absorvido pela escola e família. Assim, as políticas, enquanto formas reguladoras dos tempos, funcionariam mais como um elemento de dominação e poder sobre os segmentos juvenis, retirando dos jovens... Leia texto completo
fonte: Página13

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