terça-feira, 9 de novembro de 2010

Jaques Wagner recebe mão-de-santo que foi torturada por PMs

O governador Jaques Wagner recebe amanhã às 10 horas, em seu gabinete, a mãe-de-santo, Bernadete de Souza, que foi torturada por agentes da Polícia Militar, no Assentamento de Reforma Agrária Dom Helder Câmara, em Ilhéus, no último dia 23. O encontro também deve mobilizar lideranças do movimento negro, sem-terras e parlamentares na governadoria.
O episódio só requenta a pauta sobre a falta de um mecanismo legal que combata o preconceito e o racismo institucional. “Se o Projeto de Lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial e Intolerância Religiosa já tivesse sido aprovado e sancionado, qualquer um pensaria duas vezes antes de violar direitos, como aconteceu no Assentamento Dom Hélder Câmara”, disse o deputado , Valmir Assunção (PT), fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, autor do PL e um dos denunciadores da ação violenta aos órgãos competentes. “Só o fato de uma mulher ter sido encarcerada da forma que essa líder foi, e em cela masculina, já é um grave desrespeito aos direitos humanos, algo incompatível com o momento democrático em que vivemos”, declara.
O caso da yalorixá Bernadete de Souza, que além de torturada foi jogada sobre um formigueiro, não é um fato isolado, segundo o coordenador do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Marcos Resende. “Isso demonstra a escalada dos atos de intolerância de grupos que estão arraigados no Estado. Isso só aconteceu porque o alvo foi uma mulher negra, de religião de matriz africana e liderança de um assentamento de sem-terras”, protestou.
Para o ativista do movimento negro e presidente da Associação de Familiares e Amigos de Presos e Presas da Bahia (ASFAP), Hamilton Borges, "a polícia ainda não mudou sua prática nesses 200 anos. Ela já foi criada combatendo quilombo, terra de pretos”.

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